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Foto do escritorMauricio Daher

O Valor de Um Projeto Fotográfico.

Atualizado: há 4 dias

Para o fotógrafo entusiasta, fotografar sem um objetivo claro pode trazer uma sensação vazia, sem propósito.


Registros fotográficos pessoais (“snapshots”) podem ter grande valor emocional para quem os faz, mas carecem do aprofundamento artístico que torna uma imagem relevante para um público mais amplo.


As redes sociais, com sua ênfase em feeds rápidos, acabam dificultando uma apreciação mais profunda das imagens, e falham em trazer profundidade à fotografia.

 

Quando a pessoa fotografa sem um “norte”, é comum perder a intensidade, a empolgação.


Sentir que está estagnada. Ter dificuldade para exercer a criatividade. Culpar a falta de recursos, de tempo. E em última instância, abandonar a fotografia como meio de expressão artística.

 

A criatividade, grande força motriz para exercer qualquer arte, está intimamente ligada à solução de problemas.


Quando há total liberdade, a criação pode se tornar difícil, pois a ausência de restrições muitas vezes paradoxalmente engessa o processo. Já quando há um briefing ou uma limitação a ser superada, a criatividade tende a fluir de maneira mais intensa e focada. E uma maneira excelente para estimular a criatividade é iniciar projetos.

 

Neste breve texto, eu gostaria de discorrer sobre algumas dicas para iniciar um projeto.

 


1-     Siga seu instinto. 

Se você fotografa com frequência, provavelmente já notou que há temas que chamam sua atenção de forma recorrente.


Identifique esses temas e passe a explorá-los conscientemente, complementando-os e aprofundando-se neles.


Eu particularmente adoro nuvens, fachadas, asfalto, animais, natureza urbana, cenas inusitadas, fios elétricos / outros tipos de poluição visual, itens de sinalização, etc.


Faço testes constantemente para entender o que funciona, aprimorar minha técnica e evitar repetições desnecessárias.



2-     Seja honesto consigo mesmo. 

Os melhores trabalhos são derivados da honestidade com seus desejos mais profundos, com sua autoria, com sua empolgação.


O amor por um projeto fica impregnado nas fotos.


É muito mais fácil ser sincero do que imitar um trabalho que não desperte um sentimento espontâneo.


Aplique a sua cultura nas fotos. A sua criação. Seus gostos. Seu olhar.


Fotografe inicialmente para agradar sua exigência, e não a exigência dos outros.


Em um segundo momento, sim, é interessante buscar opinião de pessoas que possam te direcionar de alguma maneira.



3-     Persiga projetos que se encaixem na sua rotina. 

Evite ideias muito ambiciosas e desafiadoras.


Quando o projeto se encaixa na sua rotina, o processo criativo flui com mais facilidade.



4-     Não é obrigatório viajar / buscar novas paisagens. 

Embora viajar e conhecer novos lugares desperte curiosidade, os locais que você frequenta regularmente também podem ser explorados com novos olhares.


Cada bairro, cada rua, carrega uma rica história e cultura que pode ser retratada de formas inéditas e criativas.


Estou há mais de um ano fotografando quase que exclusivamente dois bairros (três rotas a pé, com discretas variações), e até agora não esgotei as possibilidades (mesmo utilizando predominantemente uma distância focal fixa).



5-     Não guarde a ideia do projeto para si. 

Um projeto genuinamente autoral é único e difícil de ser copiado.


Compartilhar suas ideias com outras pessoas pode abrir novas perspectivas, trazer insights valiosos e até resultar em colaborações.


Se alguém conseguir copiar exatamente sua ideia, talvez ela não seja tão autoral assim.



6-     Tenha referências. 

Estudar o trabalho de fotógrafos renomados pode ser uma excelente fonte de inspiração.


Suas abordagens e estilos podem fornecer novos caminhos e perspectivas para seu próprio projeto.



7-     Imprima suas fotos. 

Imprimir suas fotos e montar álbuns é uma excelente maneira de visualizar seu trabalho de forma concreta.


Habilidade em curadoria é essencial para aprimorar a qualidade de seus projetos.

 

Para exemplificar, vou compartilhar sobre um dos meus projetos em andamento.

Tenho um emprego fora da fotografia, que ocupa a maior parte do meu horário comercial e também parte dos finais de semana. Essa já era uma grande limitação.


Cerca de 1 ano e meio atrás, minha filha nasceu. Desde então, eu tenho o exercício da paternidade como objetivo primário da minha vida.


Levo minha filha pra passear (principalmente em um “canguru”, e mais recentemente em carrinho) todos os sábados e domingos pela manhã, e em alguns finais de tarde durante a semana.



o valor de um projeto fotográfico


Durante estes passeios, não consigo utilizar livremente minhas duas mãos para operar equipamento fotográfico, nem para trocar livremente objetivas no equipo.


Foi natural eu passar a utilizar mais minha querida Ricoh GR3x (distância focal fixa equivalente a 40mm).


E assim surgiu o projeto: “Um ano em 40mm”. Durante este projeto, alguns temas captaram muito minha atenção, e estão ganhando subprojetos.

 

Essas dicas são apenas o ponto de partida para quem deseja criar um projeto fotográfico autêntico e pessoal.


Lembre-se de que, no final das contas, o mais importante é seguir seu próprio olhar e se divertir ao longo do caminho.




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O Valor de Um Projeto Fotográfico

projetofotografico


Por Lucas Fiore


Nota sobre o autor: Lucas Fiore fez seu primeiro curso na Foto Conceito em 2018 (básico + avançado).


Desde então, já cursou os módulos de Flash, Book, Percepção Fotográfica e Vídeo, além de participar de dezenas de saídas fotográficas da escola.


Tem em sua coleção particular muitos livros autorais dos seus fotógrafos prediletos, incluindo William Eggleston, Cartier Bresson, Robert Frank e Alex Webb.


Iniciou sua prática com uma Canon T5i. Em seguida, sentiu que precisava de mais recursos e mudou para a Canon 80D.


Em 2019, comprou seu primeiro equipo Mirrorless (M4/3), e desde então não voltou atrás. Hoje utiliza três equipos M4/3 (Olympus OMD EM10 Mk III, Panasonic GX9 e Panasonic G9, este último de maneira híbrida).


Suas objetivas prediletas, para o sistema que usa (M4/3), são a Panasonic Leica 15mm 1.7 e a Panasonic Leica 25mm 1.4.


Utiliza também a Ricoh GR II e a Pentax Q (equipos muito compactos, sendo o último a menor câmera de lentes intercambiáveis do mundo).  


Atualmente Lucas Fiore usa principalmente a Ricoh gr3x e a Panasonic gx9.


E manda bem no vídeo😉


Após o curso de vídeo da FOTO|CONCEITO inaugurou um canal de contação de histórias com sua mãe!!! (Elaine Conta Histórias).





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